Sunday, January 09, 2011


acordei cheio de sol nos olhos
e um estranho gosto de neve derrentendo na alma
um calor inalcançável
um frio de séculos me corrói as vísceras
um gelo negro me habita
um cheiro de coisa esquecida
nas profundezas de rios e areias e tardes sonolentas
um passo fundo nas entranhas da terra
raízes que se emaranham nos meus cabelos
todo esse branco näo me pertence
toda essa medida indefinida em torno de um zero
a bipolaridade dos termômetros me causam naúseas
e delírios de vôos de pássaros
que levam o calor debaixo das asas
näo entendo a queimadura do gelo
o fogo das chaminés é triste e limitado
tenho gritos de dragöes na garganta
e cantos de tribos que dançam em volta do fogo
rituais me acendem as alucinaçöes
onde foram parar os mistérios destes bosques?
O que se esconde por baixo de todo esse manto?
Onde foi parar a cidade que antes aqui estava?
Acordei com a chama acesa das lembranças
Capaz de incendiar o corpo inteiro
e derreter as fronteiras invisíveis das distâncias.


Joka
09/01/2011