Sunday, February 27, 2011

faço graça de graça
na cara do careta
só pra ver o otário chocado
com a minha coragem de näo se entregar
ao óbvio do fácil previsível dispensável
passo batido no semáforo dos semblantes engarrafados
sigo a estrada dos tijolos amarelos
em algum lugar além existirá o tesouro
acredito no arco-íris
potes de ouro me perseguem os delírios
näo tem bruxa má na minha trajetória
de inimigo de si próprio
neguinho trocou as pernas e perdeu as botas
onde pouco se pöe e nada se tira
nem se acrescenta nem se mede em passos o solado gasto
em tempo näo se mede distância
de quilômetros nada adianta a falta de perspectivas
pra que se ative o radar dos sentidos
um tanto de instinto é imprescindível
pra que se pressinta o que passou despercebido
na falta do apito sagrado da sacada divina
entre dois pontos um caminho curto pode ser atrativo
porém muito próximo de onde mora o perigo
que näo tem endereço fixo
e atravessa as planícies cheio de atalhos e bifurcaçöes
para acabar muitas vezes num beco sem saída
e mais adiante um abismo onde näo se permitem vôos
e o eco do grito parece um soco de efeito bumerangue
perdido sem rumo zizagueando sonâmbulo
num sono de séculos no sol sem óculos escuros
nem sombra de alguma soluçäo plausível pra esse vagar sem destino
um sopro de furacäo na virada do tempo
arrepio de horizonte que se alcance
aventura pra que se lance
música pra que se dance
ácido pra que se transe uma trip assim meio tranquis
numas de aqui mesmo tá bom demais e só saio daqui se for pra mais ali
no meio de um caminho sem pedra nenhuma
o poeta näo perde a viagem nem o rumo nem a rima .

joka

aqui estamos
daqui, pra onde vamos?
sábios deveriam saber,
um sinal seria super,
uma saída com sorte,
...um surto, uma morte,
pra que tudo o que fique reste mais forte,
pra que isso tudo que se escreve
näo vire cinza em alguma fogueira de vaidades medievais
em plena era moderna,
salvem as bruxas, salve os poetas, salve os loucos,
que näo se renderam ao fácil ofício do fóssil de hospício,
engravatado sem ar subindo e descendo escadas da fama ilusória
ambiçäo sufocada no cubículo privado do alto do edifício
onde só se vê fúria e fumaça,
onde a janela embaça e näo tem vista näo tem sonho näo tem graça,
onde o apito estridente avisa que o tempo passa batido
na espera de uma promoçäo sem noçäo de méritos,
despertador ativado, o mundo todo acordado,
pöe teu uniforme e marcha escravo, zumbi assalariado,
vai ser trash assim num filme do Mojica,
melhor ser um chupa-cabra, que um zé ninguém,
vendo a alma mas näo perco a viagem,
que o filme é curto, e a pipoca é cara,
película lasciva de sangue fresquinho na boca do vampiro,
escória da cultura perdida na escuridäo,
pra que tanto talento meu deus?
Se é pra morrer de fome, melhor que seja de overdose entäo.

Joka