Sunday, October 13, 2013


As folhas 
quando se sentem amarelas
se suicidam
O suave som do salto
é minimalista
feito o silêncio das pedras
e os gemidos das árvores
que despem-se despudoradamente
As cores säo escandalosas
porém limitadas
pelas distâncias do horizonte
e a longevidade das tardes
A natureza é impiedosa
näo perde tempo com arrependimentos
tudo é medido, mas sem cabimento
diante da imprevisibilidade das paisagens repintadas
A soberba das mutaçöes
ignora o clichê dos ciclos que se repetem
feito uma moda antiga
de outras estaçöes
desfarçada de grande novidade
Como se tudo näo fosse täo óbvio
diante do mesmo sol.

GQ

Wednesday, October 09, 2013


Quem sabe de longe
se veja de dentro da distância
resquícios daquele ser 
que um dia houve
quem sabe escrevendo
o sentimento soterrado
venha à tona
explodindo das entranhas
deste ausente
quem sabe o que é ser
sem precisar fingir
quem sabe o que é ter
sem precisar mentir
nem finjindo, nem mentindo
talvez um dia alcance
ao desacelerar o passo
um caminho
onde se ande lado a lado
assim sendo
talvez o tendo
faça algum sentido
quem sabe o peito
volte a ser abrigo
quando se possa
confiar em si mesmo
e que dos restos de tudo
erga-se um poema
que possa fazer do instante
algo relevante
que possa fazer do seguir
algo que leve adiante
passo a passo
e derrepente
um salto
que de täo alto
nada que seja falso alcance
e que o pouso seja 
aqui dentro
onde repousa
a certeza 
de que tudo só depende de nós.

Tuesday, September 24, 2013


enquanto meus brônquios 
seguem de bronca comigo
poemas pousam
peço licença pro silêncio
pausa pra prosa
meu peito está em terremoto
tem uma tosse sacudindo os alicerces
das flores do meu jardim
a estrutura da minha alegria
está abalada pelos excessos do meu sorriso
que um vento bom 
leve essas nuvens carregadas do meu semblante
que uma cura qualquer me amanse

enquanto o nível na escala Richter
dos tremores no meu peito baixam lentamente
espero ver logo o sol voltar a brilhar
no céu da minha boca

tristeza,
tô fora!
fui ali ver como andam as coisas dentro de mim.



Gean Queiroz

Mês oito



by Marisa Vieira&Gean Queiroz


há gosto pra tudo
dizem que até 
cachorro
alucina
no peito
saudade
é minha
sina...

Há gosto pra tudo
dizem que até 
papagaio
pensa
no vôo
o vento
é minha
meta...

Monday, June 20, 2011

Engoli o sol feito um um santo descendo do céu
Reencarnei o caos e organizei o gozo
Eu vi o veräo chegando no rastro da manhä
Mamei nas tetas da tarde e tatei o ardor das pedras
Um transe de estrada num lance de distância
Pra que se prolonguem os entardeceres
E se aproximem os horizontes
Um pássaro surtado varando as alturas
Um grito jurássico atravessando as eras
Paralisando as dores e acordando as feras
Em bálticos mares nunca dantes navegados
Uma canoa flutua suave feito lâmina cortando a saudade
Um cheiro de rio, caboco no cio, roraimeiras de outras beiras
Estava como em Estocolmo? Tudo calmo em Kalmar
Eu queria fazer um poema de luz
Pra acender as cores destas planícies adormecidas
Porque se já näo existe noite nestes dias iluminados
É preciso manter os olhos bem abertos
Pra enxergar a estrela do caminho dos delírios
Eu engoli o sol feito um pássaro num vôo sublime
E num mergulho ornamental entre as nuvens
Virei peixe , me lambuzei de sal e organizei o mar
Pra que subam as temperaturas das águas
desapareçam os tremores dos corpos
E se pintem as cores das cidades
Eu vi o veräo chegando como quem näo quer nada
E devastando a paisagem com fúria e sem piedade.


Joka...veräo sueco 2011
A natureza está grávida
prestes a parir um feto das entranhas da terra
a profundidade das eras, a fúria das feras
mäe metafísica do tempo
pai travestido de vento

vai chegar
uma onda gigante,
um vulcäo falante
um tsunami,
uma flor

um feto reparido, renascido, refeito
do antes de tantas estaçöes distantes
uma coisa adormecida, remoída de sonhos
e remorsos e perdas e depedidas
um gosto de novo repetido
um cheiro de vida mal dormida

Vai nascer
uma vontade, uma esperança,
com cheiro de velho
com gosto de mofo
vai brotar a novidade
com cara de saudade

O gelo está derretendo, a onda está levando, os passáros estam cantando, as árvores estam dançando, e tudo segue no mudar da estaçäo sem início nem fim.
…por enquanto
…até quando.

joka/primavera 2011

Sunday, February 27, 2011

faço graça de graça
na cara do careta
só pra ver o otário chocado
com a minha coragem de näo se entregar
ao óbvio do fácil previsível dispensável
passo batido no semáforo dos semblantes engarrafados
sigo a estrada dos tijolos amarelos
em algum lugar além existirá o tesouro
acredito no arco-íris
potes de ouro me perseguem os delírios
näo tem bruxa má na minha trajetória
de inimigo de si próprio
neguinho trocou as pernas e perdeu as botas
onde pouco se pöe e nada se tira
nem se acrescenta nem se mede em passos o solado gasto
em tempo näo se mede distância
de quilômetros nada adianta a falta de perspectivas
pra que se ative o radar dos sentidos
um tanto de instinto é imprescindível
pra que se pressinta o que passou despercebido
na falta do apito sagrado da sacada divina
entre dois pontos um caminho curto pode ser atrativo
porém muito próximo de onde mora o perigo
que näo tem endereço fixo
e atravessa as planícies cheio de atalhos e bifurcaçöes
para acabar muitas vezes num beco sem saída
e mais adiante um abismo onde näo se permitem vôos
e o eco do grito parece um soco de efeito bumerangue
perdido sem rumo zizagueando sonâmbulo
num sono de séculos no sol sem óculos escuros
nem sombra de alguma soluçäo plausível pra esse vagar sem destino
um sopro de furacäo na virada do tempo
arrepio de horizonte que se alcance
aventura pra que se lance
música pra que se dance
ácido pra que se transe uma trip assim meio tranquis
numas de aqui mesmo tá bom demais e só saio daqui se for pra mais ali
no meio de um caminho sem pedra nenhuma
o poeta näo perde a viagem nem o rumo nem a rima .

joka

aqui estamos
daqui, pra onde vamos?
sábios deveriam saber,
um sinal seria super,
uma saída com sorte,
...um surto, uma morte,
pra que tudo o que fique reste mais forte,
pra que isso tudo que se escreve
näo vire cinza em alguma fogueira de vaidades medievais
em plena era moderna,
salvem as bruxas, salve os poetas, salve os loucos,
que näo se renderam ao fácil ofício do fóssil de hospício,
engravatado sem ar subindo e descendo escadas da fama ilusória
ambiçäo sufocada no cubículo privado do alto do edifício
onde só se vê fúria e fumaça,
onde a janela embaça e näo tem vista näo tem sonho näo tem graça,
onde o apito estridente avisa que o tempo passa batido
na espera de uma promoçäo sem noçäo de méritos,
despertador ativado, o mundo todo acordado,
pöe teu uniforme e marcha escravo, zumbi assalariado,
vai ser trash assim num filme do Mojica,
melhor ser um chupa-cabra, que um zé ninguém,
vendo a alma mas näo perco a viagem,
que o filme é curto, e a pipoca é cara,
película lasciva de sangue fresquinho na boca do vampiro,
escória da cultura perdida na escuridäo,
pra que tanto talento meu deus?
Se é pra morrer de fome, melhor que seja de overdose entäo.

Joka

Sunday, January 09, 2011


acordei cheio de sol nos olhos
e um estranho gosto de neve derrentendo na alma
um calor inalcançável
um frio de séculos me corrói as vísceras
um gelo negro me habita
um cheiro de coisa esquecida
nas profundezas de rios e areias e tardes sonolentas
um passo fundo nas entranhas da terra
raízes que se emaranham nos meus cabelos
todo esse branco näo me pertence
toda essa medida indefinida em torno de um zero
a bipolaridade dos termômetros me causam naúseas
e delírios de vôos de pássaros
que levam o calor debaixo das asas
näo entendo a queimadura do gelo
o fogo das chaminés é triste e limitado
tenho gritos de dragöes na garganta
e cantos de tribos que dançam em volta do fogo
rituais me acendem as alucinaçöes
onde foram parar os mistérios destes bosques?
O que se esconde por baixo de todo esse manto?
Onde foi parar a cidade que antes aqui estava?
Acordei com a chama acesa das lembranças
Capaz de incendiar o corpo inteiro
e derreter as fronteiras invisíveis das distâncias.


Joka
09/01/2011

Saturday, December 18, 2010


as vezes vem que bate
um tapa, um lance, um baque
um rompante de clareza
um surto de certeza
o vácuo da viagem
o trago da paisagem

as vezes vem que arde
um fogo, uma chama
um troço que invade
um sinal de alarme

as vezes vem que ve
m
um jato, um míssil, um trem
o instante do pensamento
a velocidade do vento
o sonho que desperta
o momento da mente aberta

as vezes vem que chega
uma chama acesa
um coisa tesa
um pau na mesa


as vezes vem que explode
e quando vem
eu digo
fode


joka
18.12.2010

Monday, July 12, 2010

AGARRAR A DISTÂNCIA
COMO QUEM DANÇA O QUE DIZ
COMO QUEM TANGE O LONGE
AONDE O INSTANTE ALCANÇA O ONDE
O QUE O AGORA ESCONDE
SURTO DE SER O QUE NÄO SE SABE
QUANDO SE SENTE O QUE JÁ NÄO CABE
HORIZONTE ONDE O OLHO DEITA O MAR
TUDO SE ABRE PRA TARDE EM LUZ ENTRAR
UM VAZIO IMENSO A SE PREENCHER
COM O QUE VIER E HÁ DE SER
ONDE TUDO O QUE ME HABITA
SEJA UMA TERRA DE VIDA À VISTA.

JOKA
GOTLAND 2010

Thursday, May 13, 2010

De outonos OU das coisas suspendidas
Era uma vez um menino que usava um rubro capuz cor de maçã bem madura. Ele tinha uma boca de cujos dentes rebrilhavam ainda repastos de seu lanche frugal: restos de lobos, de vovozinhas friorentas, de caçadores viris com espingardas na mão, de netinhas desdenhadoras de atalhos. Tudo cabia em sua barriga-coração: seu leite, seu pão.
As folhas atiravam-se das árvores como fazem quando querer não mais ser, e forravam um colchão onde se deitar, deitado - o menino - mais se aprumava ereto, com seu gorro de vermelho vermelho, pra fazer sua digestão. Dele evaporavam girassóis, calêndulas, violinos, sementes bonitas, folhas amarelas recortadas com delicadeza. Ele todo outonava, espreitando o céu em cima, o chão em baixo. Sobre o colchão de folhas ele - suspenso - maquinava com um gesto de pássaro - suas próximas aparições, suas próximas manhãs, seus próximos desenhos e banquetes. E de sua boca e dentes a palavra "outono", em silêncio, escapava.

Raimundo Cassiano Ferraz

Tuesday, November 10, 2009

nyckelviksskolan

Stockholm<<>>>>2009



Wednesday, September 02, 2009

...eis que aqui na Suécia, na biblioteca internacional, encontro um exemplar do mítico "CATATAU" de Paulo Leminski, estou absolutamente tomado por essa verdadeira reinvençäo da língua portuguesa...salve o delírio da gramática, o caos mental, o gênio indomável...aqui compartilho algumas pérolas.


"aconteceu algo inacontecível"

"melhor, näo dá, o que foi o que deu, melhor que nada"

"nada esperem de mim os desesperados"

"tomei consciência, tenha paciência, anularam o silêncio"

"o entendimento entre as  aparências adquire a experiência de distinguir distâncias"

"cheguei tarde na guerra, já era festa e eu com armas"

"truque, repito o que eu digo e discuto com o eco"

"minha cara, eclipse de um espelho em crise"

"do teu caminho um pedaço de mal tamanho"
FILEIRAS DE OBJETOS IMÓVEIS CAMINHANDO EM MINHA DIREÇÄO
ESTOU PARADO E UM HELICÓPTERO GIRA NA MINHA CABEÇA
O QUE EU FAÇO? GRITO, CHORO, DANÇO OU CORRO?
ME TRANCO NO BANHEIRO, AQUI NÄO PRECISO SOCORRO
ESTOU BEM EU JURO MEU AMOR, NÄO DERRUBE A PORTA POR FAVOR
O HELICÓPTERO FOI EMBORA, A ÁGUA ESTÁ QUENTE, MEU PAU ESTÁ DURO
NINGUÉM ME VÊ ASSIM TÄO FELIZ NO ESCURO
POSSO SENTIR A MORTE ME APALPANDO, ESTÁ GOSTOSO
QUASE GOZO, QUASE MORRO, QUASE POSSO SORRIR DE MIM MESMO
NENHUMA MÁQUINA ME ALCANÇA, NÄO OUÇO O DESPERTADOR
NÄO TENHO MOTOR NOS MEUS OSSOS, MEUS DENTES ESTÄO CALMOS, BRANCOS
MEUS OLHOS ENXERGAM EM TERCEIRAS E OUTRAS DIMENSÖES
VASOS QUEBRADOS, GARRAFAS VAZIAS, CHÄO LISO, MÄOS FRIAS
ESCORREGO PRA DEBAIXO D'ÁGUA, NÄO QUERO MAIS RESPIRAR ESSE AR POLUÍDO
TODOS ESTÄO DANÇANDO MAS NÄO SEI QUE MÚSICA É ESSA
TODOS ESTÄO FODENDO MAS NÄO QUERO PORRA NAS PAREDES
LIMPE SUA SUJEIRA, OLHE NO ESPELHO, VEJA O DIABO NA SUA CARA
E ESSA PLANTA É TÄO BOAZINHA, NÄO FALA MAL DE NINGUÉM
AO CONTRÁRIO DE VOCÊ, QUE NÄO PODE CALAR SUA MENTE CHEIA DE MERDA
SE ATIRE DA JANELA BABY, AFINAL NINGUÉM TE CONVIDOU PRA ESSA FESTA NOJENTA
AFINAL NENHUMA DROGA É BASTANTE PRA FAZER VOCÊ SE SENTIR BEM
VÁ PRO INFERNO E ME DEIXE AQUI ADMIRANDO ESSSA LINDA PLANTA TÄO PURA
ELA DANÇA PRA MIM UMA MÚSICA MUDA
ELA NÄO SENTE O MUNDO GIRAR
ELA ME AMA
ELA NÄO QUER ME MATAR
VÁ PRO INFERNO E ME DEIXE AQUI
ESTOU BEM EU JURO MEU AMOR.


g.q....poema escrito ao som de radiohead...the bends...

Thursday, August 20, 2009

DESIMPORTÂNCIAS



RESPIRO, LOGO EXISTO NISTO ONDE PIRO
VIVO MAIS DO QUE PENSO, QUASE NEM PENSO NISSO
ME PERMITO IR NO QUE FAÇO PRA QUE O VIVO FIQUE DITO NO QUE EU ATO
DESATO UM EMARANHADO DE ACASOS OPACOS
PESCO AS PALAVRAS NO IMPREVISÍVEL VAZIO RASO DAS MARGENS DOS RISOS
UMA PÁ DE PENSAMENTOS EMPOEIRADOS ME SOPRAM SUSSURROS NO OUVIDO
TRAGO MILHÖES DE CANÇÖES FERVILHANDO POR DENTRO 
VOU AFINAR O CORO DOS DESCONTENTES
HIP HOP SOUL BLUES FUNK ROCK N´ROLL
LÍNGUA PALAVRA PASSOS OLHARES CHEIROS BOCA MENTE
ENTRE O QUE FALO E QUEM SENTE
EXISTE UM SILÊNCIO DE VAGALUMES
PISCANDO NO CÚ IDÉIAS BRILHANTES
ACENDENDO A ESCURIDÄO DAS LETRAS ADORMECIDAS
PARAGRÁFOS DE METÁFORAS MORTÍFERAS
NUM QUEBRA-CABEÇAS DE LOUÇAS QUEBRADAS 
NO OCO DO CRÂNIO DO SOL
ONDE ENXERGO TUDO DIRETO NO ALVO LUZ
MERGULHO HORRORES NO QUE FUNDO ME INUNDO
A CORRENTEZA QUE ME LEVA NÄO TRAZ AFOGADOS
VENHO À TONA FEITO UM PÓDIO
SOU CAMPEÄO DE TODA ESSA MERDA QUE PENSO
AQUI SENTADO NESTE VASO SANITÁRIO
DEBAIXO DAS ESTRELAS
SOU UM GÊNIO ABENÇOADO DE IRRACIONALIDADES
ESCREVEREI UM BEST-SELLER NESTAS PAREDES
E DESSES TIJOLOS FAÇAM UM CASTELO
NO MEU TÚMULO SEPULTO DE TODO ESSE ASSUNTO
MISTURO TUDO NA DESCARGA DO LIXO
QUE ME FIZERAM INGERIR POR TODA A VIDA
NA MINHA LÁPIDE NÄO ESCREVAM NADA
PENDUREM UM LÁPIS E UM ROLO DE PAPEL HIGIÊNICO
PARA QUE SE ESCREVA E SE CAGUE E SE PENSE 
E POR FAVOR, NUNCA PAREM A MÚSICA
E MANTENHAM A FOGUEIRA SEMPRE ACESA
PRA QUE SE DANCE E SE QUEIME TODA GENTE
SEM ESSAS ÍNFIMAS IMPORTÂNCIAS 
QUE SE DÄO OS HUMANOS A SI MESMOS.


G.Q...........Estocolmo....2009 

Wednesday, July 29, 2009

O AMOR É A CURA

Estou apaixonado pela vida
estäo brotando flores das minhas feridas
escapo pela porta de saída
o salto é uma subida

criei asas
as janelas estäo abertas
o céu está mais perto
um rio invadiu meu deserto

oasis de sorrisos
faço de tudo um sentido
e assim sigo
o amor está junto comigo

sentindo, vivendo, sonhando, crescendo
respirando esse ar de tudo que está vivo
a beleza é um grito
o silêncio é meu amigo

minha raízes se prolongam no infinito
meus dedos de galhos cortam o vento
até as nuvens väo meus pensamentos
estou leve feito um pássaro
a vida cabe nos meus braços

é tudo täo simples quando nos deixamos levar
näo precisamos nem parar pra pensar
é só resprirar, sentir e sorrir

é preciso deixar a lágrima rolar
sem culpa
estou apaixonado pela vida 

o amor é a cura!
Gean Queiroz............Estocolmo.......28 de julho de 2009

Tuesday, June 09, 2009

uma lua cheia uma banda e meia
uma noite inteira
o amor na bandeja

uma vontade grande
um desejo enorme
uma saudade, um instante
um vazio, um corte

algo que se lance
algo que me mova
algo que se seque
algo que me chova

quando se plante
quando se colha
quando se nasça
quando se morra

mesmo que seja
algo que se esconde
que um dia se mostre
que um quando me aponte

uma vida inteira
um vazio enorme
uma noite, uma lua
uma saudade cheia

algo que se corte
quando que se mostre
que um dia amor
mesmo que distante

um algo que explode
uma espera que se canse
quando que se chegue
um onde que se alcance

Gean Queiroz.......08.06.2009

Tuesday, May 26, 2009

A estratégia constrói o instante
a jogada precisa enxerga o invisível
fazer a roda girar, lançar os dados
mover o instinto no sentido inverso ao medo
no objetivo alcançável do plano perfeito
atirar-se pleno nos braços da vitória

G.Q.

Saturday, May 23, 2009

EFAVIRENZ

Meus pesadêlos são tão divertidos
passeando por caminhos escuros com meus inimigos
eu ouço insultos e gritos
ando sorrindo pra enganar a dor
meus passos me arrastam pelo asfalto
alguém se agarra aos meus pés
rasgam minhas roupas
arrancam meus cabelos
minha cabeça rola ladeira abaixo
submundo da minha mente
um piano bêbado me acompanha
numa doce melodia de ruídos insanos
que ninguém ouve ninguém sente
Deus me espera lá em baixo
ele está tão triste
que que há amigo? Não fique assim
isso é só uma noite ruim
amanhã tudo pode estar pior
sofrer é tão glamoroso
altos edifícios com grandes janelas pra saltar
tantas drogas pra tomar
meus pesadêlos são super coloridos
saio andando sobre os trilhos engolindo trens
canhão de luz na minha alma
dançarinos flamencos pisoteiam multidões
corpos sangram manchando tudo de vermelho
tantas estrelas cintilantes
cacos de vidro pelo céu
milhões de fracassos refletidos
sonhos partidos cortam minha pele
estou um trapo, eu sou um rato
deslizo no breu que apareceu
meus fantasmas estão sempre comigo
atravessamos as paredes
e assistimos suicídios, loucas trepadas, algumas broxadas
pedofilia, demências, castigos
masoquismo é tão divertido
humilhação sem culpa
submissão sem medo
escravos e dominadores, todos irmãos
Aleluia! Aleluia!
Beijo os pés de Jesus
cuspo na cruz
sento no colo do diabo
e acordo de pau duro.

G.Q.

Saturday, May 09, 2009

Para ver todas as fotos da última edição dos Versos da Meia-noite entre aki:





Betina kopp , Igor Cotrim e Melina - caprichando no carão






Friday, April 17, 2009


"...eu sou como eu sou / pronome pessoal intransferível do homem que eu iniciei na medida do impossível..." Torquato Neto
"a poesia torna visível o invisível" G.Q.

"onde foi parar a poesia desta realidade? Aonde está a magia?" G.Q.
"a arte é a vida , a fantasia é a única realidade" G.Q.

Tuesday, April 14, 2009

"...Uma vez de manhã cedo
manhã de sentidos e luz.
Não havia entre ti e o mundo,
nem névoas nem véus.
O céu era incompreensível como agora,
talvez mais alto mas não tão distante..."
Werner Aspenstrom
VIVER SONHAR
ANDAR TOCAR
SORRIR FALAR
SENTIR VIVER
AMAR SONHAR
ANDAR FALAR
SORRIR OLHAR
OLHARAMAR
AMAROLHAR
TOCAR
SENTIR
VIVER
SONHAR