Monday, June 20, 2011

Engoli o sol feito um um santo descendo do céu
Reencarnei o caos e organizei o gozo
Eu vi o veräo chegando no rastro da manhä
Mamei nas tetas da tarde e tatei o ardor das pedras
Um transe de estrada num lance de distância
Pra que se prolonguem os entardeceres
E se aproximem os horizontes
Um pássaro surtado varando as alturas
Um grito jurássico atravessando as eras
Paralisando as dores e acordando as feras
Em bálticos mares nunca dantes navegados
Uma canoa flutua suave feito lâmina cortando a saudade
Um cheiro de rio, caboco no cio, roraimeiras de outras beiras
Estava como em Estocolmo? Tudo calmo em Kalmar
Eu queria fazer um poema de luz
Pra acender as cores destas planícies adormecidas
Porque se já näo existe noite nestes dias iluminados
É preciso manter os olhos bem abertos
Pra enxergar a estrela do caminho dos delírios
Eu engoli o sol feito um pássaro num vôo sublime
E num mergulho ornamental entre as nuvens
Virei peixe , me lambuzei de sal e organizei o mar
Pra que subam as temperaturas das águas
desapareçam os tremores dos corpos
E se pintem as cores das cidades
Eu vi o veräo chegando como quem näo quer nada
E devastando a paisagem com fúria e sem piedade.


Joka...veräo sueco 2011
A natureza está grávida
prestes a parir um feto das entranhas da terra
a profundidade das eras, a fúria das feras
mäe metafísica do tempo
pai travestido de vento

vai chegar
uma onda gigante,
um vulcäo falante
um tsunami,
uma flor

um feto reparido, renascido, refeito
do antes de tantas estaçöes distantes
uma coisa adormecida, remoída de sonhos
e remorsos e perdas e depedidas
um gosto de novo repetido
um cheiro de vida mal dormida

Vai nascer
uma vontade, uma esperança,
com cheiro de velho
com gosto de mofo
vai brotar a novidade
com cara de saudade

O gelo está derretendo, a onda está levando, os passáros estam cantando, as árvores estam dançando, e tudo segue no mudar da estaçäo sem início nem fim.
…por enquanto
…até quando.

joka/primavera 2011