Wednesday, October 10, 2007


URGÊNCIA


Viver é urgente.
Não temos asas, mas é preciso permitir-se o vôo,
montados sobre o tempo, este sim,
que passa feito um pássaro.
É preciso estar atento, se não, perde-se de vista tão rápido,
é natural, somos todos parte do mesmo organismo, o mesmo ciclo e planos superiores,
alheios que estamos a tudo nos entregamos,
e atiramos o olhar na distância, esta sim,
infinita, intocável.
Até que nossos passos desliguem-se de gravidades
e caminhem sobre as nuvens, que passam
desenhando sonhos. Nuvens são urgentes. Sonhos são pássaros, tão rápidos.
É preciso estar acordado, se não, a vista não alcança a distância,
é natural, somos todos limitados seres humanos,
paralisados ficamos de cansados que estamos,
alheios a velocidade de nossos desejos,
intântaneos são esses, deliciosos de tantas descobertas, tudo o que buscamos,
na paisagem,
que mostra-se feito mágica, cegos não estamos.
E quando tudo acende-se de tanto sol,
o pensamento atira-se no horizonte, e o horizonte é lindo, é aberto,
é perfeito de tantas não certezas, e tudo vem
tão imenso de tantas possibilidades,
que não precisamos esticar um dedo, é só deixar-se ir.
Ir é vital. Imóveis não podemos estar.
Certezas são tristezas.
O horizonte é alcançável.
Nuvens são instântaneas.
O tempo passa montado num pássaro.
É preciso estar atento.

O olhar agarra a distância na velocidade do instante em que a paisagem se abre
no horizonte entre as nuvens que o pássaro atravessa com o tempo montado nas costas.


g-ã

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