VERSOS DA MEIA-NOITE
solte o nó da garganta corte a corda do pescoço liberte o seu grito
Sunday, October 13, 2013
Wednesday, October 09, 2013
Tuesday, September 24, 2013
Monday, June 20, 2011
Reencarnei o caos e organizei o gozo
Eu vi o veräo chegando no rastro da manhä
Mamei nas tetas da tarde e tatei o ardor das pedras
Um transe de estrada num lance de distância
Pra que se prolonguem os entardeceres
E se aproximem os horizontes
Um pássaro surtado varando as alturas
Um grito jurássico atravessando as eras
Paralisando as dores e acordando as feras
Em bálticos mares nunca dantes navegados
Uma canoa flutua suave feito lâmina cortando a saudade
Um cheiro de rio, caboco no cio, roraimeiras de outras beiras
Estava como em Estocolmo? Tudo calmo em Kalmar
Eu queria fazer um poema de luz
Pra acender as cores destas planícies adormecidas
Porque se já näo existe noite nestes dias iluminados
É preciso manter os olhos bem abertos
Pra enxergar a estrela do caminho dos delírios
Eu engoli o sol feito um pássaro num vôo sublime
E num mergulho ornamental entre as nuvens
Virei peixe , me lambuzei de sal e organizei o mar
Pra que subam as temperaturas das águas
desapareçam os tremores dos corpos
E se pintem as cores das cidades
Eu vi o veräo chegando como quem näo quer nada
E devastando a paisagem com fúria e sem piedade.
Joka...veräo sueco 2011
prestes a parir um feto das entranhas da terra
a profundidade das eras, a fúria das feras
mäe metafísica do tempo
pai travestido de vento
vai chegar
uma onda gigante,
um vulcäo falante
um tsunami,
uma flor
um feto reparido, renascido, refeito
do antes de tantas estaçöes distantes
uma coisa adormecida, remoída de sonhos
e remorsos e perdas e depedidas
um gosto de novo repetido
um cheiro de vida mal dormida
Vai nascer
uma vontade, uma esperança,
com cheiro de velho
com gosto de mofo
vai brotar a novidade
com cara de saudade
O gelo está derretendo, a onda está levando, os passáros estam cantando, as árvores estam dançando, e tudo segue no mudar da estaçäo sem início nem fim.
…por enquanto
…até quando.
joka/primavera 2011
Sunday, February 27, 2011
na cara do careta
só pra ver o otário chocado
com a minha coragem de näo se entregar
ao óbvio do fácil previsível dispensável
passo batido no semáforo dos semblantes engarrafados
sigo a estrada dos tijolos amarelos
em algum lugar além existirá o tesouro
acredito no arco-íris
potes de ouro me perseguem os delírios
näo tem bruxa má na minha trajetória
de inimigo de si próprio
neguinho trocou as pernas e perdeu as botas
onde pouco se pöe e nada se tira
nem se acrescenta nem se mede em passos o solado gasto
em tempo näo se mede distância
de quilômetros nada adianta a falta de perspectivas
pra que se ative o radar dos sentidos
um tanto de instinto é imprescindível
pra que se pressinta o que passou despercebido
na falta do apito sagrado da sacada divina
entre dois pontos um caminho curto pode ser atrativo
porém muito próximo de onde mora o perigo
que näo tem endereço fixo
e atravessa as planícies cheio de atalhos e bifurcaçöes
para acabar muitas vezes num beco sem saída
e mais adiante um abismo onde näo se permitem vôos
e o eco do grito parece um soco de efeito bumerangue
perdido sem rumo zizagueando sonâmbulo
num sono de séculos no sol sem óculos escuros
nem sombra de alguma soluçäo plausível pra esse vagar sem destino
um sopro de furacäo na virada do tempo
arrepio de horizonte que se alcance
aventura pra que se lance
música pra que se dance
ácido pra que se transe uma trip assim meio tranquis
numas de aqui mesmo tá bom demais e só saio daqui se for pra mais ali
no meio de um caminho sem pedra nenhuma
o poeta näo perde a viagem nem o rumo nem a rima .
joka
aqui estamos
daqui, pra onde vamos?
sábios deveriam saber,
um sinal seria super,
uma saída com sorte,
...um surto, uma morte,
pra que tudo o que fique reste mais forte,
pra que isso tudo que se escreve
näo vire cinza em alguma fogueira de vaidades medievais
em plena era moderna,
salvem as bruxas, salve os poetas, salve os loucos,
que näo se renderam ao fácil ofício do fóssil de hospício,
engravatado sem ar subindo e descendo escadas da fama ilusória
ambiçäo sufocada no cubículo privado do alto do edifício
onde só se vê fúria e fumaça,
onde a janela embaça e näo tem vista näo tem sonho näo tem graça,
onde o apito estridente avisa que o tempo passa batido
na espera de uma promoçäo sem noçäo de méritos,
despertador ativado, o mundo todo acordado,
pöe teu uniforme e marcha escravo, zumbi assalariado,
vai ser trash assim num filme do Mojica,
melhor ser um chupa-cabra, que um zé ninguém,
vendo a alma mas näo perco a viagem,
que o filme é curto, e a pipoca é cara,
película lasciva de sangue fresquinho na boca do vampiro,
escória da cultura perdida na escuridäo,
pra que tanto talento meu deus?
Se é pra morrer de fome, melhor que seja de overdose entäo.
Sunday, January 09, 2011
e um estranho gosto de neve derrentendo na alma
um calor inalcançável
um frio de séculos me corrói as vísceras
um gelo negro me habita
um cheiro de coisa esquecida
nas profundezas de rios e areias e tardes sonolentas
um passo fundo nas entranhas da terra
raízes que se emaranham nos meus cabelos
todo esse branco näo me pertence
toda essa medida indefinida em torno de um zero
a bipolaridade dos termômetros me causam naúseas
e delírios de vôos de pássaros
que levam o calor debaixo das asas
näo entendo a queimadura do gelo
o fogo das chaminés é triste e limitado
tenho gritos de dragöes na garganta
e cantos de tribos que dançam em volta do fogo
rituais me acendem as alucinaçöes
onde foram parar os mistérios destes bosques?
O que se esconde por baixo de todo esse manto?
Onde foi parar a cidade que antes aqui estava?
Acordei com a chama acesa das lembranças
Capaz de incendiar o corpo inteiro
e derreter as fronteiras invisíveis das distâncias.
Joka
09/01/2011
Saturday, December 18, 2010
um tapa, um lance, um baque
um rompante de clareza
um surto de certeza
o vácuo da viagem
o trago da paisagem
as vezes vem que arde
um fogo, uma chama
um troço que invade
um sinal de alarme
as vezes vem que vem
um jato, um míssil, um trem
o instante do pensamento
a velocidade do vento
o sonho que desperta
o momento da mente aberta
as vezes vem que chega
uma chama acesa
um coisa tesa
um pau na mesa
as vezes vem que explode
e quando vem
eu digo
fode
joka
18.12.2010
Monday, July 12, 2010
COMO QUEM DANÇA O QUE DIZ
COMO QUEM TANGE O LONGE
AONDE O INSTANTE ALCANÇA O ONDE
O QUE O AGORA ESCONDE
SURTO DE SER O QUE NÄO SE SABE
QUANDO SE SENTE O QUE JÁ NÄO CABE
HORIZONTE ONDE O OLHO DEITA O MAR
TUDO SE ABRE PRA TARDE EM LUZ ENTRAR
UM VAZIO IMENSO A SE PREENCHER
COM O QUE VIER E HÁ DE SER
ONDE TUDO O QUE ME HABITA
SEJA UMA TERRA DE VIDA À VISTA.
JOKA
GOTLAND 2010
Thursday, May 13, 2010
As folhas atiravam-se das árvores como fazem quando querer não mais ser, e forravam um colchão onde se deitar, deitado - o menino - mais se aprumava ereto, com seu gorro de vermelho vermelho, pra fazer sua digestão. Dele evaporavam girassóis, calêndulas, violinos, sementes bonitas, folhas amarelas recortadas com delicadeza. Ele todo outonava, espreitando o céu em cima, o chão em baixo. Sobre o colchão de folhas ele - suspenso - maquinava com um gesto de pássaro - suas próximas aparições, suas próximas manhãs, seus próximos desenhos e banquetes. E de sua boca e dentes a palavra "outono", em silêncio, escapava.
Raimundo Cassiano Ferraz
Tuesday, November 10, 2009
Wednesday, September 02, 2009
Thursday, August 20, 2009
Wednesday, July 29, 2009
Tuesday, June 09, 2009
uma noite inteira
o amor na bandeja
uma vontade grande
um desejo enorme
uma saudade, um instante
um vazio, um corte
algo que se lance
algo que me mova
algo que se seque
algo que me chova
quando se plante
quando se colha
quando se nasça
quando se morra
mesmo que seja
algo que se esconde
que um dia se mostre
que um quando me aponte
uma vida inteira
um vazio enorme
uma noite, uma lua
uma saudade cheia
algo que se corte
quando que se mostre
que um dia amor
mesmo que distante
um algo que explode
uma espera que se canse
quando que se chegue
um onde que se alcance
Gean Queiroz.......08.06.2009
Tuesday, May 26, 2009
Saturday, May 23, 2009
Meus pesadêlos são tão divertidos
passeando por caminhos escuros com meus inimigos
eu ouço insultos e gritos
ando sorrindo pra enganar a dor
meus passos me arrastam pelo asfalto
alguém se agarra aos meus pés
rasgam minhas roupas
arrancam meus cabelos
minha cabeça rola ladeira abaixo
submundo da minha mente
um piano bêbado me acompanha
numa doce melodia de ruídos insanos
que ninguém ouve ninguém sente
Deus me espera lá em baixo
ele está tão triste
que que há amigo? Não fique assim
isso é só uma noite ruim
amanhã tudo pode estar pior
sofrer é tão glamoroso
altos edifícios com grandes janelas pra saltar
tantas drogas pra tomar
meus pesadêlos são super coloridos
saio andando sobre os trilhos engolindo trens
canhão de luz na minha alma
dançarinos flamencos pisoteiam multidões
corpos sangram manchando tudo de vermelho
tantas estrelas cintilantes
cacos de vidro pelo céu
milhões de fracassos refletidos
sonhos partidos cortam minha pele
estou um trapo, eu sou um rato
deslizo no breu que apareceu
meus fantasmas estão sempre comigo
atravessamos as paredes
e assistimos suicídios, loucas trepadas, algumas broxadas
pedofilia, demências, castigos
masoquismo é tão divertido
humilhação sem culpa
submissão sem medo
escravos e dominadores, todos irmãos
Aleluia! Aleluia!
Beijo os pés de Jesus
cuspo na cruz
sento no colo do diabo
e acordo de pau duro.
G.Q.
Friday, April 17, 2009
Tuesday, April 14, 2009
Desmistificar os mitos da irracionalidade
Equívocos inabaláveis da realidade
Brincar com o silêncio sem temer o grito
Desembaralhar o vento no pensamento
Sanar a mente montando a serpente
Desbravar as planícies encantadas do caos
Nada de mal ou sujo sobreviverá
Quando os canais do fluxo avançarem na contra-mão dos erros
E os medos serão dissipados
Na correnteza de nossos passos destemidos
Saltando obstáculos por entre as pedras vivas da cachoeira
Entoando cânticos de versos incontestáveis
Deixar escorrer
Deixar molhar
Deixar desputrificar
Que as águas límpidas da vitória
Nos banhe os olhos de coragem e glória.
Gean Queiroz
abril-Rio 2009
Tuesday, August 19, 2008
EU CONTABILIZO A TARDE
EM HORAS VASTAS
TEMPO GANHO
HORIZONTES LARGOS
SORRISOS AMPLOS
O POETA É XAMÃ
TRADUZINDO OS PRECÍPICIOS DO SER
EM IMAGENS FOTOGRAFADAS NA RETINA
CONSTRUINDO ORGANISMOS DE PALAVRAS
DO QUE SE VÊ
NO QUE SE SENTE
O POETA FAZ DO CALOR
SENTIMENTO PALPÁVEL
NO OLHO DO FURACÃO DO PEITO.
Saturday, August 16, 2008
MADRUGADA QUE VAI
MANHÃ QUE VEM
A ESTRADA DO PEITO ABERTA
RUMO A SERRA DO TEPEQUEM
NÓS OS DESPERTOS
PRONTOS PARA DEVORAR O DIA
NA FOME DE AMANHECER
ANTES DO FIM DAS HORAS
ANTES DO TEMPO DOS ANIMAIS ADORMECIDOS
ONDE O CAMINHO SE ESTENDE NO OLHAR ACESO DE TANTO VERDE
O CONFORTO DE SER SOZINHO E SEGUIR JUNTO
ESTAR PRESENTE COM O PASSADO NOS OMBROS E O INFINITO À FRENTE
SEM NADA A ESCONDER DIANTE DO SOL
NADA A TEMER NA BEIRA DO ABISMO DE SER
DESBRAVADORES DA ESTRADA ABERTA
PEITO PULSANTE DE LEMBRANÇAS
ATIRANDO LONGE O PENSAMENTO
NA ESPERANÇA DE DESVENDAR
OS MISTÉRIOS DO TEMPO
QUE ENGOLE TODO O SENTIMENTO
MAS QUE NUNCA IRÁ APAGAR O QUE FICOU
ATRAVESSAR AS DISTÂNCIAS
PERCORRER TODOS OS QUILÔMETROS NECESSÁRIOS
PRA QUE AS RESPOSTAS BROTEM NO HORIZONTE
CRUZAR AS PONTES, OS OBSTÁCULOS, OS RECEIOS
AFIRMAS OS LAÇOS
SEMEAR SORRISOS
BEBER OS RAIOS DE LUZ
SUBIR ATÉ O TOPO DA SATISFAÇÃO
DEIXAR A IMENSIDÃO VERDE
EMBALAR DE ACEITAÇÃO O INSTANTE
NO FIRMAMENTO DE UM ABRAÇO
ENGOLIR AS MONTANHAS
E DEIXAR A CACHOEIRA CORRER POR DENTRO DO CORPO
LIMPANDO AS VEIAS, OS PÓROS, O ROSTO
DE TODA CASCA QUE AS ANGÚSTIAS
TENTARAM ENCRUSTRAR
DESLIZAR O SONHO PELAS CORREDEIRAS
QUE ACARICIAM A ALMA
CRUZAR O LAVRADO FEITO UM TAMANDUÁ
FLUINDO PRA DENTRO DA ETERNIDADE.
GEAN QUEIROZ...RORAIMA...SERRA DO TEPEQUEM...2008
I
CACHOEIRA DE MIM
CORRENTEZA DO MUNDO
FLUXO DA SABEDORIA
DESLIZANDO PRA DENTRO DA ALMA
O ESTÔMAGO DA TERRA
O PENSAMENTO ORGÂNICO
A FOME
O DESLUMBRAMENTO
ETERNA CRIANÇA
QUE BRINCA DE CONGELAR O TEMPO
A CADA FRAGMENTO DE EXISTÊNCIA
SIMPLESMENTE DEIXAR-SE IR
INOCENTE E ENTREGUE
AO ACASO.
II
PEDRAS
TUDO SÃO PEDRAS AO SOL
TUDO É SOL
TUDO É PEDRA
RASGANDO OS CAMINHOS AO MEIO
ESPALHADAS NAS MONTANHAS
MONTANHAS SÃO CAMINHOS PARA AS ALTURAS
PEDRAS, CAMINHOS, ALTURAS
HABITADAS POR ANIMAIS SOLITÁRIOS
SENHORES DA TARDE
IRMÃOS DO CALOR
OS OLHOS SE LANÇAM
AS PALMEIRAS DANÇAM
OS TAMANDUÁS POSAM
PARA A RETINA DA BELEZA
TAMANDUÁS SÃO BELEZAS
QUE DESAFIAM A RETINA
DIONISÍACA ORGIA DO ABSURDO
AO ALCANCE DOS DEDOS
NO OLHO DO FURACÃO
O TURBILHÃO DA MENTE
SERPENTES
PEDRAS
BICHOS
GENTE
SOMOS TUDO ISSO
E O ISSO É TUDO
O TUDO É O QUE SOMOS
O QUE HÁ É ISSO
SOMOS O QUE HÁ
O QUE HÁ É TUDO.
III
BURACOS NA ESTRADA
SÃO PORTAIS PARA O ÚTERO DA TERRA
O SOL NAS MONTANHAS
SÃO ESPELHOS DA PERFEIÇÃO
JOGADA NA CARA DO SEGUNDO
FULLGÁS, ETERNO
O SEGUNDO FICA
OS BURACOS PASSAM
O SOL É UM PORTAL
NO BICO DO PEITO DA MONTANHA
OLHA SÓ O SOL
O SOL SÓ
NO BICO DO PICO DO TOPO
A MONTANHA FICA
OS PENSAMENTOS PASSAM
A MENTE É UM PORTAL
NO BICO DO PICO DO TOPO DO ENTENDIMENTO
CONTEMPLAR JÁ BASTARIA
ENTENDER ENTÃO
É DIVINO.
Gean Queiroz...fronteira Brasil/Venezuela...2008