Saturday, July 19, 2008


com o olhar perdido, visualiza-se no breu a frente somente o instante presente, o vazio dos impulsos apodrecidos, de passos inconsequentemente desnecessários, que te levam através de instintos desconhecidos e incontroláveis, e te dominam na sede obscena de que algo intenso aconteça. dominados por gemidos, uivos, palavrões, suor, bocas nervosas, mão frenéticas, com a mente anestesiada, e o corpo mecanicamente entregue a perversão doentia, no toque que invade e agride, devastando qualquer pureza, destruindo qualquer desejo espontâneo e sincero… a escuridão te engole pelos testículos.

vagar incansavelmente pelas veias da cidade, seres sonâmbulos, sem nenhuma motivação além de sugar toda a química da madrugada, flutuando sobre qualquer racionalidade, cuspindo sobre as cabeças dos caretas, entregues a mais fútil casualidade, atirando aonde o alvo se mostre e o desejo aponte.

variadas poções de misturas alcoólicas, essências de transpirações corporais, odores de cavidades e becos escuros, sabores deliciantes, mágica venenosa do animal humano que desperta para uma caminhada de caça ao êxtase, que vive entorpecido de ego, em absolutas e tortuosas verdades, entre claras e iluminadas viagens.

de longe se escuta uma música bêbada, alguém sorri desesperadamente, e todos fingem manter tudo sob controle, entre palavras forjadas e passos sem direção, olhos tentam pular fora das órbitas, na ânsia muda de dizer algo, ou engolir tudo. garotas de mãos dadas, cúmplices sedutoras desfilando sexo, rapazes famintos engolem às vezes a si próprios, na carne que arde a qualquer toque, e elas por sua vez se acendem umas as outras, mantendo-se acordadas por mais tempo. e onde o tesão se abrasa, e ferve, tudo se mistura, na louca descoberta de inúmeras possibilidades.

o que nunca deveria existir, era o que estava vivo, era o que surgia na luz do dia, quando já tudo parecia concluído, o inesperado seduz com sua perigosa magia de sombras na visão quase adormecida, as horas nunca terminam, e o desejo nunca acaba, alguns orgasmos não são suficientes, não existe satisfação na madrugada obscura, nada existe quando nos atiramos no vazio, nem o eco do grito, nenhum sexto sentido para nos avisar do perigo. quando a noite acaba, o sol devora tudo, calmamente e sem piedade. é preciso acender as cores desta cidade nublada.

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