Friday, June 29, 2007

ERRANTE CAMINHANTE
Meu corpo se equilibra sobre meus passos
Meus pés descalços me arrastam pelo asfalto
Do alto as nuvens me sugam os cabelos e os pensamentos
Me vejo perdido vagando no tempo
Sou tudo leveza de estar assim tão solto
Nunca o pouco foi tão muito
Na minha ausência de desejos
Só vou seguindo
Sozinho
Sigo indo
Sorrindo
De meus medos
De mão dadas com meus fantasmas
Nada me entristece
Nada me cala
O silêncio não me abala
Vejo a luz de algum olhar distante
Disparando tiros de flores no meu caminho
Tenho um caos de doçura pra alcançar
Antes do anoitecer
Tenho a noite inteira pra me perder
Entre clarezas de idéias acesas
Por dentro do sonho que nunca sonhei
Que por isso mesmo é conquista
Feito terra à vista
Feito mar aberto
Feito sonho desperto
E de tanto amanhecer
Madrugadas me levam longe
Tão cedo tudo me chega
Sem buscas de distâncias inalcançáveis
Tenho uma loucura secreta pra cada dia
Me revelo inteiro no que se anuncia
Certo de ser o que não tem planos
Tranquilo em saber que tudo é por acaso
E que nada está traçado
Como gostaríam de acreditar os inconformados
Sou um alvoroço manso
Tenho carinhos de furacão
Tempestades me guiam
Abraços me ardem
Acidentes me atiram longe
Tenho um grito guardado
Que vai parar o tempo
Quando alguma sanidade me entorpeça


Para Adriana Monteiro de Barros.



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