Tuesday, June 03, 2008

O que vai ser de nós dois?

me encara o antes

me pergunta o agora

o que vem no depois

o antes, o agora e o depois

tudo junto nesse instante

em que nada é como deveria ser

e o que é já não sei

o que foi ainda grita de longe

e o que virá a ser ninguém sabe

a espera pelo que talvez cairá do céu

não conforta em nada a alma

e o tentar correr atrás

faz tudo parecer tarde demais

passado, presente e futuro

tudo junto no liquidificador do coração

decidir a vida com as mãos atadas

um nó na garganta

e um punhal apontado pro peito

buscar as respostas jogadas no lixo

remexer os cantos escuros

e só enxergar a luz bem distante

quase inalcançável

ficar aqui martelando sentimentos

na escuridão do pensamento

que não encontra saída

de olhos abertos não te vejo

mas quando os fecho você está por todo lado

de que serve amar sem tocar?

de que serve sofrer sem saber

se vale a pena esperar?

construímos castelos no invisível

plantamos sementes demais

as raízes se espalham por dentro de nós

sinto meu corpo todo explodir

e de nada adianta fugir

ou cuspir pra fora essa angústia

a que se entender o organismo

da incapacidade de se decidir o que sentir

pois tudo segue crescendo continuamente

engasgando a gente de tanta saudade

mastigando os órgãos do corpo sem piedade

não existe freio, só existe o tempo

uma espera estúpida e frustrante

uma porrada na cara do amor

um soco no estômago de nossos sonhos

foi isso que a gente plantou?

Que estrada é essa que a gente pegou?

Engolir a distância a seco

secar as lágrimas

deixar escorrer todo desejo pelo ralo

tudo escapando por entre os dedos

o antes embriaga

o agora cega

e o depois...

só pergunta sem parar

o que vai ser de nós dois?


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