
O que vai ser de nós dois?
me encara o antes
me pergunta o agora
o que vem no depois
o antes, o agora e o depois
tudo junto nesse instante
em que nada é como deveria ser
e o que é já não sei
o que foi ainda grita de longe
e o que virá a ser ninguém sabe
a espera pelo que talvez cairá do céu
não conforta em nada a alma
e o tentar correr atrás
faz tudo parecer tarde demais
passado, presente e futuro
tudo junto no liquidificador do coração
decidir a vida com as mãos atadas
um nó na garganta
e um punhal apontado pro peito
buscar as respostas jogadas no lixo
remexer os cantos escuros
e só enxergar a luz bem distante
quase inalcançável
ficar aqui martelando sentimentos
na escuridão do pensamento
que não encontra saída
de olhos abertos não te vejo
mas quando os fecho você está por todo lado
de que serve amar sem tocar?
de que serve sofrer sem saber
se vale a pena esperar?
construímos castelos no invisível
plantamos sementes demais
as raízes se espalham por dentro de nós
sinto meu corpo todo explodir
e de nada adianta fugir
ou cuspir pra fora essa angústia
a que se entender o organismo
da incapacidade de se decidir o que sentir
pois tudo segue crescendo continuamente
engasgando a gente de tanta saudade
mastigando os órgãos do corpo sem piedade
não existe freio, só existe o tempo
uma espera estúpida e frustrante
uma porrada na cara do amor
um soco no estômago de nossos sonhos
foi isso que a gente plantou?
Que estrada é essa que a gente pegou?
Engolir a distância a seco
secar as lágrimas
deixar escorrer todo desejo pelo ralo
tudo escapando por entre os dedos
o antes embriaga
o agora cega
e o depois...
só pergunta sem parar
o que vai ser de nós dois?
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